Hoje quem quiser me aturar terá que ter paciência, pois a conversa será parecida com aquela que já tive no passado, quando trouxe para Salvador um menino que nasceu numa ilha e não entendia para onde iam os degraus da escada rolante do shopping, e como é que eles faziam para aparecer novamente lá embaixo. Ali percebi que certas coisas com as quais convivemos são tão difícieis de entender como são difíceis de explicar. Elas apenas acontecem, não existem para ter explicações por fazerem parte de um dia a dia que vai, às vezes lento às vezes rápido , apenas nos engolfando, sem chances de perguntar nem de ter, ou dar, respostas.
Deixa de circular hoje o Jornal do Brasil. Fundado ainda no século IX, teve Quintino Bocaiúva, Rui Barbosa, Clarice Linspector, Carlos Drumond de Andrade, Carlos Castelo Branco, Armando Nogueira e centenas de outros colaboradores deste nível e outros tantos menos citados.
Nesta província, recebo a Tribuna da Bahia e suas quinze ou vinte páginas gratuitamente, com carimbo de cortesia, na portaria do prédio. O Correio da Bahia já vi na sinaleira vendido a 50 centavos e o Jornal A TARDE, não atinge tiragem superior a 150 mil exemplares e a venda deve ser inferior a 50% disso.
O Jornal do Brasil será agora exposto na Internet. E dai ? O jornal como o conhecemos está acabando. Dizem que os três de maior circulação, O GLOBO, A FOLHA DE SÃO PAULO e O ESTADÃO, vendem menos de 300 mil exmplares por dia e somos quase 190 milhões de pessoas.
Mal me acostumei ao celular e ele está ameaçado pelo tablet, não este enorme de hoje, lançado em abril mas o de ontem que tem de um indiano a promessa de etsra no mercado até o final do ano por 35 dólares a unidade. Com população mundial perto dos 5 bilhões, pode até cair de preço em cinco anos.
O jornal era a forma de leitura diária, fácil, barata, à mão , democrática, fazia homens em praças, reunirem-se para discutir política, futebol, crimes, versões, fofoca, enfim, a vida.
Numa música pouco conhecida dos anos 60, assustado com o avanço da televisão e o poder da novela, Chico Buarque escreveu : " O homem da rua com seu tamborim calado já pode esperar sentado, sua escola não vem não. A sua gente está aprendendo humildemente um batuque diferente que vem lá da Televisão. E a própria vida ainda vai ficar sentida vendo a vida mais vivida que vem lá da televisão. No céu a lua encabulada e já minguando numa nuvem se ocultando vai de volta pro sertão "
Estava ali apontado o caminho para o começo do fim. O tempo agora é hip hop, Tiririca, mulher fruta, CQC, iPOD e outras invenções.
terça-feira, 31 de agosto de 2010
segunda-feira, 30 de agosto de 2010
PODE VOLTAR VINÍCIOS, DR CARLOS GARANTE
Em abril de 2009 escrevia o primeiro texto deste blog, mais precisamente no dia 3. Era sobre a vocação profissional e de como deveria ser o comportamento de quem opta pela magistratura.
Cansado de ver e saber de fatos estarrecedores sobre juízes e seus julgados, desci o malho naqueles que maculam essa coisa quase divina que é o poder de julgar os atos de semelhantes.
Pois bem, ao passar sábado pela linda orla de Salvador, tal qual a via em 1970, quando menino, levado por meu pai e corria pelas dunas entre os coqueiros de Piatã, pude ter a dimensão da importancia de um juiz para uma sociedade.
Pois saibam os que ainda não sabem, ser o juiz que olha o coletivo, defende a norma, não cede, não transige , não vende, nem negocia, é caro, muito caro. O Dr. Luiz Carlos D'avila Teixeira, quase não resistiu às pressões e teve que afastar-se do processo enquanto se recupera de uma cirurgia para implantação de pontes de safena.
Com filho, mulher e máquina fotográfica registrei ao longo de toda faixa litorânea da Pituba até Itapoã o incalculável benefício que um anônimo magistrado trouxe a essa cidade Quase Sem Salvação. Colhi de populares as impressões mais diversas sobre o fato, mas nenhuma delas discordando de que a remoção daquele entulho com telhados, era necessária embora tardia.
A Tribuna da Bahia, ou o que restou dela, ainda tentou macular a ação da Justiça com a brincadeirinha provinciana de dizer que o baiano agora terá que levar o seu Kit praia e outras idiotices. Pois que levem, que aprendam que usufruir do sol, do banho de mar, do vento no rosto, da sombra de um coqueiro, não necessáriamente está ligado ao som alto e de mau gosto, da imundice de copo, pratos e talheres, da cachaçada pura e simples, da favelização da praia, do enfeiamento do horizonte.
Tinha barraca com mezanino, gente amontoada dormindo, acordando, vivendo na areia da praia, juntando ratos, criando cães vadios, abrigando humanos vadios, pontos de venda de drogas e prostituíção.
O Dr. Carlos cumprindo a lei, limpou a cidade, educou a cidade, calou a cidade, isto, de boca aberta para a beleza que se colheu da decisão do homem, calamo-nos todos.
No mesmo jornal, um idiota afirma que se vivo Vinícios não escreveria mais Tarde em Itapoã. Fui ver a letra e lá não falava o poetinha de barraca de praia.
"Um velho calção de banho, um dia prá vadiar, um mar que não tem tamanho e um arco-íris no ar .... sentir preguiça no corpo e numa esteira de vime beber uma água de côco....passar uma tarde em Itapoã, ao sol que arde em Itapoã, ouvir o mar de Itapoã...."
Onde está a barraca ? Viram ?
Pode voltar Vinícios Dr. Carlos garante.
Cansado de ver e saber de fatos estarrecedores sobre juízes e seus julgados, desci o malho naqueles que maculam essa coisa quase divina que é o poder de julgar os atos de semelhantes.
Pois bem, ao passar sábado pela linda orla de Salvador, tal qual a via em 1970, quando menino, levado por meu pai e corria pelas dunas entre os coqueiros de Piatã, pude ter a dimensão da importancia de um juiz para uma sociedade.
Pois saibam os que ainda não sabem, ser o juiz que olha o coletivo, defende a norma, não cede, não transige , não vende, nem negocia, é caro, muito caro. O Dr. Luiz Carlos D'avila Teixeira, quase não resistiu às pressões e teve que afastar-se do processo enquanto se recupera de uma cirurgia para implantação de pontes de safena.
Com filho, mulher e máquina fotográfica registrei ao longo de toda faixa litorânea da Pituba até Itapoã o incalculável benefício que um anônimo magistrado trouxe a essa cidade Quase Sem Salvação. Colhi de populares as impressões mais diversas sobre o fato, mas nenhuma delas discordando de que a remoção daquele entulho com telhados, era necessária embora tardia.
A Tribuna da Bahia, ou o que restou dela, ainda tentou macular a ação da Justiça com a brincadeirinha provinciana de dizer que o baiano agora terá que levar o seu Kit praia e outras idiotices. Pois que levem, que aprendam que usufruir do sol, do banho de mar, do vento no rosto, da sombra de um coqueiro, não necessáriamente está ligado ao som alto e de mau gosto, da imundice de copo, pratos e talheres, da cachaçada pura e simples, da favelização da praia, do enfeiamento do horizonte.
Tinha barraca com mezanino, gente amontoada dormindo, acordando, vivendo na areia da praia, juntando ratos, criando cães vadios, abrigando humanos vadios, pontos de venda de drogas e prostituíção.
O Dr. Carlos cumprindo a lei, limpou a cidade, educou a cidade, calou a cidade, isto, de boca aberta para a beleza que se colheu da decisão do homem, calamo-nos todos.
No mesmo jornal, um idiota afirma que se vivo Vinícios não escreveria mais Tarde em Itapoã. Fui ver a letra e lá não falava o poetinha de barraca de praia.
"Um velho calção de banho, um dia prá vadiar, um mar que não tem tamanho e um arco-íris no ar .... sentir preguiça no corpo e numa esteira de vime beber uma água de côco....passar uma tarde em Itapoã, ao sol que arde em Itapoã, ouvir o mar de Itapoã...."
Onde está a barraca ? Viram ?
Pode voltar Vinícios Dr. Carlos garante.
quarta-feira, 25 de agosto de 2010
AFORISMOS PARA A VIDA
Embora não seja eu próprio um aforista, não como produtor , por reconhecida falta de inteligência para tal, sempre gostei de citar aforismos exatamente pelo que significam ao pé da letra e mais ainda quando para entende-los temos que ler alguns por mais de uma vez até preceber-lhes o verdadeiro alcance.
Aforismo nada mais é que uma frase, uma sentença que contém concisamente um pensamento e resume idéias, conceitos, advertências sajam elas de cunho popular ou ditas por personalidades cultas. No âmbito do popular são também conhecidos como adágios.
Comprei esta semana um livro só de aforismos de Kral Kraus, escritor austríaco falecido em 1936.
Justificada a razão da postagem, vamos a alguns aforismos que me ocorreram agora e os seus respectivos criadores (quando a memória permitir - lembrem-se, minha inteligência e pouca portanto a memória é fraca ). Eis pois :
Democracia sou eu mandar em você. Ditadura é você mandar em mim. (Henfil )
Entre sem bater . ( Barão de Itararé )
Com que soberania um imbecil trata o tempo ! Ele simplesmente o mata. E o tempo tolera isso. Pois nunca ouvimos falar que o tempo tenha matado um imbecil. (Karl Kraus )
A pior forma de solidão é a companhia de um paulista. ( Nelson Rodrigues )
O baiano paga dez para que outro não ganhe vinte ( Otávio Mangabeira )
Lembrar-me pobre sombra ! Enquanto a memória habitar esse mundo louco, lembrar-me ! ( Hamlet - W.S).
Educai as crianças e não será preciso punir os homens (Confúcio )
Leis e salsichas, é melhor que não vejamos como são feitas (Otto Bismark)
Vamos agradecer aos idiotas. Sem eles,não faríamos tanto sucesso. (Mark Twain)
Acredite em Alah mas amarre seu camelo ( provérbio Árabe)
O dinheiro é a causa de todas as desgraças, quando se não o tem. (Barão de Itararé)
Aforismos à parte, o pensar deve ser livre e como disse Millôr certa feita,"o livre pensar é só pensar". Estão pois listados agora alguns que me vieram à memória, se vocês gostarem, quem sabe lá, no dia que este blog virar livro, teremos mais alguns para aquecer nossa ginástica
cerebral.
Aforismo nada mais é que uma frase, uma sentença que contém concisamente um pensamento e resume idéias, conceitos, advertências sajam elas de cunho popular ou ditas por personalidades cultas. No âmbito do popular são também conhecidos como adágios.
Comprei esta semana um livro só de aforismos de Kral Kraus, escritor austríaco falecido em 1936.
Justificada a razão da postagem, vamos a alguns aforismos que me ocorreram agora e os seus respectivos criadores (quando a memória permitir - lembrem-se, minha inteligência e pouca portanto a memória é fraca ). Eis pois :
Democracia sou eu mandar em você. Ditadura é você mandar em mim. (Henfil )
Entre sem bater . ( Barão de Itararé )
Com que soberania um imbecil trata o tempo ! Ele simplesmente o mata. E o tempo tolera isso. Pois nunca ouvimos falar que o tempo tenha matado um imbecil. (Karl Kraus )
A pior forma de solidão é a companhia de um paulista. ( Nelson Rodrigues )
O baiano paga dez para que outro não ganhe vinte ( Otávio Mangabeira )
Lembrar-me pobre sombra ! Enquanto a memória habitar esse mundo louco, lembrar-me ! ( Hamlet - W.S).
Educai as crianças e não será preciso punir os homens (Confúcio )
Leis e salsichas, é melhor que não vejamos como são feitas (Otto Bismark)
Vamos agradecer aos idiotas. Sem eles,não faríamos tanto sucesso. (Mark Twain)
Acredite em Alah mas amarre seu camelo ( provérbio Árabe)
O dinheiro é a causa de todas as desgraças, quando se não o tem. (Barão de Itararé)
Aforismos à parte, o pensar deve ser livre e como disse Millôr certa feita,"o livre pensar é só pensar". Estão pois listados agora alguns que me vieram à memória, se vocês gostarem, quem sabe lá, no dia que este blog virar livro, teremos mais alguns para aquecer nossa ginástica
cerebral.
quarta-feira, 18 de agosto de 2010
CUIDADO ! ELE PODE ENTRAR !
Após a avalanche de manifestações que recebi via e-mail e algumas direto neste espaço e outras até por telefone, me vi obrigado a postar mais uma vez sobre o tema, depois de saber que os dois irmãos de um grupo musical chamado de KLB, Tiririca ,o lutador aposentado Popó, e mais uma dezena de outros personagens expostos pela mídia, também querem uma pontinha na política, como já aconteceu com Juruna, Enéas, Clodovil, Frank Aguiar, Agnaldo Timóteo e sabe Deus quem mais, ficando claro para mim que acertei em cheio em expressar a repulsa pelo processo eleitoral brasileiro.
De fato, é de se lamentar hoje que o votadíssimo Macaco Tião não tenha sido eleito, se é que existe na legislação algum óbice a que outros primatas possam assumir o cargo eletivo. Se é prá não comparecer à sessão, não votar, não apresentar projetos, não falar em plenário, não assumir posição que represente anseios socias e coletivos, convenhamos que qualquer macaco de gravata e paletó, desde que bem penteado, pode sair-se melhor que a maioria dos estranhos bíbedes que a lei eleitoral aceitou o registro.
Aqui na Bahia onde absolutamente nada pode, nem deve ser levado a sério, registrou-se um rapaz, desses que aceitam entrar para fazer número, levar algum, e pegar carona numas fotos, cujo slogan é simples e direto mas que quase me levou ao hospital hoje à tarde.
Trata-se de Beto do Pau Miúdo. Ouvi o nome e corri para ver a cara e a imagem já havia mudado. O tempo dele deve ser curto também e é prá combinar com o slogan. Vote em Beto do Pau Miúdo e você não vai se arrepender.
Só pode ser sacanagem.
Prometo divulgar a quntidade de votos que essa aventura terá. Acho que serão poucos. O eleitorado feminino mesmo, não deve aderir. O masculino, quando ele gritar no comício " companheiros do pau miúdo..." vão sair de fininho ou nem vão estar lá, o público gay,nem se fala, certamente este não é o tipo de candidato que representa seus anseios siliconados.
De qualquer sorte, assim como Léo Kret já é candidata a deputada estaudual, o moço do pau miúdo pode ir entrando devagarinho, sem ninguém sentir nem reclamar !
De fato, é de se lamentar hoje que o votadíssimo Macaco Tião não tenha sido eleito, se é que existe na legislação algum óbice a que outros primatas possam assumir o cargo eletivo. Se é prá não comparecer à sessão, não votar, não apresentar projetos, não falar em plenário, não assumir posição que represente anseios socias e coletivos, convenhamos que qualquer macaco de gravata e paletó, desde que bem penteado, pode sair-se melhor que a maioria dos estranhos bíbedes que a lei eleitoral aceitou o registro.
Aqui na Bahia onde absolutamente nada pode, nem deve ser levado a sério, registrou-se um rapaz, desses que aceitam entrar para fazer número, levar algum, e pegar carona numas fotos, cujo slogan é simples e direto mas que quase me levou ao hospital hoje à tarde.
Trata-se de Beto do Pau Miúdo. Ouvi o nome e corri para ver a cara e a imagem já havia mudado. O tempo dele deve ser curto também e é prá combinar com o slogan. Vote em Beto do Pau Miúdo e você não vai se arrepender.
Só pode ser sacanagem.
Prometo divulgar a quntidade de votos que essa aventura terá. Acho que serão poucos. O eleitorado feminino mesmo, não deve aderir. O masculino, quando ele gritar no comício " companheiros do pau miúdo..." vão sair de fininho ou nem vão estar lá, o público gay,nem se fala, certamente este não é o tipo de candidato que representa seus anseios siliconados.
De qualquer sorte, assim como Léo Kret já é candidata a deputada estaudual, o moço do pau miúdo pode ir entrando devagarinho, sem ninguém sentir nem reclamar !
segunda-feira, 16 de agosto de 2010
ELES ESTÃO DE VOLTA
Imaginem a cena. O mais experiente ladrão de bancos percebe que está acabando o dinheiro do último assalto e resolve que assim como a copa do mundo e as olimpíadas, ele precisa renovar o fardo de tempos em tempos. Assim profundo conhecedor da arte, resolve montar a equipe que irá perpetrar mais uma vez, com risco calculado, a engenhosa tarefa de enganar o segurança, destravar o alarme, descobrir o segredo, abrir o cofre, sair de mansinho e desfrutar em algum lugar sossegado o fruto do seu esforço, pelo maior período que puder.
Sozinho ele não pode fazer. Precisa de um entendido em carros para providenciar transporte, tanto para a chegada como para a saída. Num escalão inferior aquele que vai providenciar os equipamentos, maçaricos, mácaras, luvas, pés de cabra enfim todo o material da empreitada ; mais abaixo o facilitador das armas, aquele que sabe onde conseguir boas e modernas pistolas, leves, discretas e algumas pesadas para o caso de uma emergência e por final o ladrãozinho pé de chinelo, o lascado que vai ficar de fora, arriscando a vida e vai receber a menor parte do roubo. Mas este não se importa, ele sabe que essa aventura lhe renderá experiência para a próxima. Nessa ele vai apenas ver como funciona. Vale à pena o risco até de não levar nada, o importante é estar no meio do negócio.
Hoje começa o horário eleitoral gratuito. Ao ver os rostos nos postes e cartazes foi inevitável lembrar da cena descrita acima e que não tem nada de tão distante do que ocorrerá novamente, à partir de hoje até outubro e dali nos próximos quatro anos. Reparem nas fotos, eles estão rindo, sempre rindo. Se algo der errado, no futuro, cobrirão o rosto com o braço e as algemas com o paletó contratam um Thomás destes aí e soltos, continuarão rindo.
Os trampolineiros, espertos, sabidos, técnicos nessa arte de pular de galho em galho, de partido em partido, estão de volta. Fizeram a reunião e planejaram a mais nova campanha.
Muita cara nova como sempre, afinal tem que ter o pequeno, o que vigia, o que faz o miúdo, mas as caras velhas , umas enrugadas de tanto tempo nessa lida, estão aí também. No passado já foram pequenos, aviões, hoje são "líderes", estão como sempre à espreita, babando pelo cargo, pela chance de mudar de vida, de vender a cidade, o bairro, o estado, a zorra toda, explodir o cofre.
Gente que não deu prá nada, péssimos médicos, engenheiros incompetentes, desempregados, mal empregados, enfim, malabaristas da oportunidade. Safados de todas as partes. Eles estão de volta !
E se no meio dessa imundice tiver alguém perdido, que não sabe onde se enfiou, que me procure e me desculparei de público.
Sozinho ele não pode fazer. Precisa de um entendido em carros para providenciar transporte, tanto para a chegada como para a saída. Num escalão inferior aquele que vai providenciar os equipamentos, maçaricos, mácaras, luvas, pés de cabra enfim todo o material da empreitada ; mais abaixo o facilitador das armas, aquele que sabe onde conseguir boas e modernas pistolas, leves, discretas e algumas pesadas para o caso de uma emergência e por final o ladrãozinho pé de chinelo, o lascado que vai ficar de fora, arriscando a vida e vai receber a menor parte do roubo. Mas este não se importa, ele sabe que essa aventura lhe renderá experiência para a próxima. Nessa ele vai apenas ver como funciona. Vale à pena o risco até de não levar nada, o importante é estar no meio do negócio.
Hoje começa o horário eleitoral gratuito. Ao ver os rostos nos postes e cartazes foi inevitável lembrar da cena descrita acima e que não tem nada de tão distante do que ocorrerá novamente, à partir de hoje até outubro e dali nos próximos quatro anos. Reparem nas fotos, eles estão rindo, sempre rindo. Se algo der errado, no futuro, cobrirão o rosto com o braço e as algemas com o paletó contratam um Thomás destes aí e soltos, continuarão rindo.
Os trampolineiros, espertos, sabidos, técnicos nessa arte de pular de galho em galho, de partido em partido, estão de volta. Fizeram a reunião e planejaram a mais nova campanha.
Muita cara nova como sempre, afinal tem que ter o pequeno, o que vigia, o que faz o miúdo, mas as caras velhas , umas enrugadas de tanto tempo nessa lida, estão aí também. No passado já foram pequenos, aviões, hoje são "líderes", estão como sempre à espreita, babando pelo cargo, pela chance de mudar de vida, de vender a cidade, o bairro, o estado, a zorra toda, explodir o cofre.
Gente que não deu prá nada, péssimos médicos, engenheiros incompetentes, desempregados, mal empregados, enfim, malabaristas da oportunidade. Safados de todas as partes. Eles estão de volta !
E se no meio dessa imundice tiver alguém perdido, que não sabe onde se enfiou, que me procure e me desculparei de público.
segunda-feira, 9 de agosto de 2010
UM DOMINGO PARA ENTENDER
Continuo sem tempo para postar diariamente e assim parece que seguirei pelo menos por mais uns dois meses.
Feito o registro, vale lembrar que ontem foi dia dos pais. Comemorei mais um, jogando tênis com meu filho e minha mulher logo cedo. Feio de se ver mas muito divertido. Ele detesta bola rápida ou pesada e só quer jogar se for para ganhar do jeito dele. Quase brigamos. A mãe para minha surprêsa correu bem, devolveu melhor ainda e é uma pena que a preguiça tenha vencido o esporte e ela tenha parado.
Depois disso fomos ao cemitério rezar um pouco pela alma do pai dela. Havia sim um movimento no lugar, mas nunca igual ao que ocorre no dia das mães.
Foi aí que tive que entender a opção que fazemos em não sermos tão queridos. Não é simpático cobrar as coisas, mandar, agir com firmeza, levantar a voz, ameaçar com a palmada, exigir respeito, exercer autoridade, servir de ponto final quando ameaçam todos eles com as frases : seu pai vai saber, vou contar a seu pai, quando seu pai chegar.... e tantas outras do gênero.
Talvez não irá o meu também me ver quando a minha hora houver chegado e não o culpo, embora eu saiba que quando oemu se for lá estarei para orar por ele porque assim fui ensinado.
Penso da mesma forma quando planto uma árvore, não será para mim a sombra mas para quem vier depois de mim. pois a sombra da árvore que desfruto hoje, não sei quem a plantou. Em matéria de filhos não sou candidato a miss simpatia. Sou apenas pai. Presente, permanente, persistente.
Dali saímos e fomos almoçar com o meu. No restaurante percebi que é natural ao homem de bem cuidar dos seus. Vi assim como eu, filhos levando seus pais à mesa com o cuidado que levam crianças. Quem sabe o que um pai faz por um filho sabe o que fazer pelo homem alquebrado pelo tempo, com os movimentos arrastados, o olhar vago e o sorriso contemplativo de quem colhe a sombra da árvore que plantou.
Hoje é bem provável que meu cansado velhinho nem se lembre onde estivemos ontem. Tem sido assim de uns tempos prá cá, mas isso não importa. Eu estava lá a seu lado como deve ser. Ele sempre esteve ao meu lado como deve ser. Enérgico, austero, exigente, implacável, severo.
Só faz homem que vale assim ser chamado, quem age pensando no homem que vai ser feito.
Feito o registro, vale lembrar que ontem foi dia dos pais. Comemorei mais um, jogando tênis com meu filho e minha mulher logo cedo. Feio de se ver mas muito divertido. Ele detesta bola rápida ou pesada e só quer jogar se for para ganhar do jeito dele. Quase brigamos. A mãe para minha surprêsa correu bem, devolveu melhor ainda e é uma pena que a preguiça tenha vencido o esporte e ela tenha parado.
Depois disso fomos ao cemitério rezar um pouco pela alma do pai dela. Havia sim um movimento no lugar, mas nunca igual ao que ocorre no dia das mães.
Foi aí que tive que entender a opção que fazemos em não sermos tão queridos. Não é simpático cobrar as coisas, mandar, agir com firmeza, levantar a voz, ameaçar com a palmada, exigir respeito, exercer autoridade, servir de ponto final quando ameaçam todos eles com as frases : seu pai vai saber, vou contar a seu pai, quando seu pai chegar.... e tantas outras do gênero.
Talvez não irá o meu também me ver quando a minha hora houver chegado e não o culpo, embora eu saiba que quando oemu se for lá estarei para orar por ele porque assim fui ensinado.
Penso da mesma forma quando planto uma árvore, não será para mim a sombra mas para quem vier depois de mim. pois a sombra da árvore que desfruto hoje, não sei quem a plantou. Em matéria de filhos não sou candidato a miss simpatia. Sou apenas pai. Presente, permanente, persistente.
Dali saímos e fomos almoçar com o meu. No restaurante percebi que é natural ao homem de bem cuidar dos seus. Vi assim como eu, filhos levando seus pais à mesa com o cuidado que levam crianças. Quem sabe o que um pai faz por um filho sabe o que fazer pelo homem alquebrado pelo tempo, com os movimentos arrastados, o olhar vago e o sorriso contemplativo de quem colhe a sombra da árvore que plantou.
Hoje é bem provável que meu cansado velhinho nem se lembre onde estivemos ontem. Tem sido assim de uns tempos prá cá, mas isso não importa. Eu estava lá a seu lado como deve ser. Ele sempre esteve ao meu lado como deve ser. Enérgico, austero, exigente, implacável, severo.
Só faz homem que vale assim ser chamado, quem age pensando no homem que vai ser feito.
segunda-feira, 2 de agosto de 2010
SOCRATICAMENTE
Este foi talvez, dentre todos, o filósofo da antiguidade que mais me encantou no pouco que pude ler de muitos deles. Dizem que não há nada em registro físico da passagem dele na terra, apenas o que se diz ter sido ele quem disse, e Platão, até onde sei foi aquele que melhor reproduziu o pensamento daquele a quem chamavam de "o vagabundo loquaz"(tagarela). Seu crime, corromper a juventude, a pena beber cicuta ( um tipo de veneno). Se admitisse o crime, o exílio e não a morte. Preferiu a morte a admitir o que não entendia haver feito. Ele esclarecia os jovens, ensinava os jovens não agradava com os poderosos e os religiosos.
Ontem li numa revista uma história que atribuem haver se passado com Sócrátes, o que realmente duvido. No mundo de hoje, descartável, da informação deformada, atribuem-se coisas que os homens não disseram e não há pena nem castigo. Entretanto, mesmo sem saber ao certo se foi com o grego ou não, apenas pelo valor da mensagem vale aqui registrar.
Andava Sócrates por aí e um sujeito segura-lhe o braço e pergunta se quer ouvir uma história sobre um amigo que tinham em comum. Sócrates responde : somente se passares pelos três filtros. O primeiro, o da verdade - É verdade o que tens a me contar ?
- Não tenho toda a certeza, isso me chegou assim....
O segundo filtro é o da bondade - O que tens a me dizer sobre este amigo, é bom ?
- Não é bom, é ruim, muito ruim ! Respondeu o homem.
Então só resta o último filtro que é o da utilidade. Resumiu o filósofo.
Se o que tens a me dizer não é a expressão da verdade absoluta e se não é bom, não pode ser útil. Guarda então para si e não me contes.
Verdade ou não, socrática ou não, essa história bem que daria para fazermos o manual de como acabar com a fofoca, destruir o veneno que adoeçe as amizades, cortar as línguas que disseminam a discórdia, enfim um manual para a vida. Socraticamente seria um bom começo !
Ontem li numa revista uma história que atribuem haver se passado com Sócrátes, o que realmente duvido. No mundo de hoje, descartável, da informação deformada, atribuem-se coisas que os homens não disseram e não há pena nem castigo. Entretanto, mesmo sem saber ao certo se foi com o grego ou não, apenas pelo valor da mensagem vale aqui registrar.
Andava Sócrates por aí e um sujeito segura-lhe o braço e pergunta se quer ouvir uma história sobre um amigo que tinham em comum. Sócrates responde : somente se passares pelos três filtros. O primeiro, o da verdade - É verdade o que tens a me contar ?
- Não tenho toda a certeza, isso me chegou assim....
O segundo filtro é o da bondade - O que tens a me dizer sobre este amigo, é bom ?
- Não é bom, é ruim, muito ruim ! Respondeu o homem.
Então só resta o último filtro que é o da utilidade. Resumiu o filósofo.
Se o que tens a me dizer não é a expressão da verdade absoluta e se não é bom, não pode ser útil. Guarda então para si e não me contes.
Verdade ou não, socrática ou não, essa história bem que daria para fazermos o manual de como acabar com a fofoca, destruir o veneno que adoeçe as amizades, cortar as línguas que disseminam a discórdia, enfim um manual para a vida. Socraticamente seria um bom começo !
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