Estes são os fatos. Eles são três e se unem, formando um assustador quadro do qual não podemos mais fugir.
FATO UM : Uma autoridade policial, ao ser indagada por mim quanto ao desafiador uso do crack na Avenida Contorno, me explicou com uma pergunta : Como evitar que um traficante dê 100 reais a um menino de dez anos para que ele faça uma entrega de um embrulho de roupa, carne, ou qualquer outra coisa ? Pois assim começa o aliciamento do jovem que, radiante com isso leva os 100 reais e entrega a mãe que tem uma geladeira vazia, assim como as panelas no fogão. Isso se tiver geladeira e fogão. Após algumas entregas, a droga passa ser a mercadoria e o cooptado passa a ser usuário. Com o vício, o dinheiro que ia para a mãe ou não vai mais ou se vai menos, tem que ser conseguida a diferença para saciar a ânsia. O menino agora vai para a rua conseguir com a população, o meio para usar a droga que o aprisiona. Multipliquem-se os meninos de dez anos sujeitos a isso e feche o fato um.
FATO DOIS : Um policial que conheço, sargento, me disse poucas horas antes dessa postagem que a polícia só está agindo em defesa do interesse próprio. Perguntei qual seria. Ele ao explicar se fez entender. Não há abordagens, não há ações determinadas. Se um deles é ferido ou morto, desencadeia-se a vingança. Julgando-se desprestigiados, sem salários dignos e jogados à própria sorte, eles estão apenas consumindo o combustível, rodando de carro e parados em alguns lugares cumprindo o horário de trabalho a espera do dia do pagamento. Nas folgas, fazem todo o bico que podem, de seguranças em empresas, festas, postos de gasolina. Prevenção, inteligência, abordagens, nada disso, isso é trbalho para uma polícia bem armada, bem treinada e bem paga.
FATO TRÊS : A comissão de Constituíção e Justiça da Câmara dos Deputados, aprovou ontem à noite as regras para as próximas eleições. A votação foi relâmpago. Dentre as regras aprovadas está aquela em que não é exigida a ficha limpa daquele que pleitear a função de legislar. Assim como os traficantes e os policiais, os deputados fazem suas próprias leis permitindo que os fora da lei possam participar também desta festa. Repetindo, não é preciso estar em dia com a lei para representar o povo no tripé da democracia.
Unam os três pontos deste triângulo, percebam que estamos, como só estivemos antes, nos primórdios da criação, absolutamente sós. Cada indivíduo contando apenas com ele próprio e o seu clã.
quinta-feira, 17 de setembro de 2009
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