terça-feira, 27 de julho de 2010

DIÁLOGO DE SURDOS

Minha agenda está de dar dó. Perdi o contato com todos há pelo menos uns quinze dias. Hoje num esforço feérico, vou rapidamente prestar um depoimento de como andam as coisas no mundo de verdade e não no faz de conta em que muita gente insiste em viver.
Voltava para o apartamento no domingo pela manhã, vindo de Busca Vida, indo para um almoço na casa de amigos e ao passar pelo canteiro que fica entre a Vasco da Gama e a Waldemar Falcão, logo acima do supermercado EXTRA, minha mulher me chama a atenção para uns carinhas de bermuda com umas dez gaiolas nas mãos, várias delas já penduradas nos galhos dos arbustos do tal canteiro e, como passávamos devagar deu prá notar que lá dentro já haviam pássaros e que as portas estavam abertas num sinal claro de que as aves cantavam para atrair outras, num flagrante crime ambiental. Eu que quero morrrer de velhice, obviamente não disse nada, mas não fiquei sem fazer nada. Peguei o celular e liguei para 190. Fui cordialmente atendido e disse que se uma patrulha fosse ali, naquele momento pegaria os caras, quebrava as gaiolas e libertaria os pássaros. Ouvi gentilmente que aquilo não era uma emergência, com o que eu concordei. Deram-me então o número da Polícia Ambiental 36169150, para que oferecesse a denuncia. Assim eu fiz mas ninguém atendeu por três vezes. Liguei então para a TV Bahia, falei com o Jornalismo e uma mocinha educada disse tratar-se de um absurdo e que Vanda estaria na rua e se deslocaria para o local. NADA.
Na segunda-feira, indo para o trabalho cedo, lá estavam os cara novamente, gaiolas em punho. Com o celular tentei novamente a Polícia Ambiental e para minha surprêsa atendeu um rapaz dizendo que para denuncias o número era 36169151 e me transferiu a ligação. Repeti o local, lembrei dos contatos e o sujeito prometeu providências.
Hoje terça-feira, voltando do tênis às 7 da manhã, os carinhas que são mais dedicados ao crime que a polícia ao combate, mesmo sob a chuva fina estavam lá colhendo pássaros para o comércio. Voltei para onde tudo começou. Liguei para o 190, me queixei da polícia à polícia e eles gentilmente deram-me o telefone o Ibama, 33457623 que não atendeu, e um 0800 618060 onde fui saudado com uma mensagem de que aquele número não está cadastrado.
Recebi da polícia três números errados em três dias, não salvei um passarinho, não ví minha denuncia virar notícia, não entrei para o programa de proteção à testemunha e o pior, agora não sei a quem reclamar porque os carinhas amanhã estrão no mesmo lugar, assim como Sarney, Renan, Collor, Jader Barbalho e todo o resto, que seja pela falta de polícia, de justiça ou de vergonha, alimentam esse auditório onde os surdos conversam.