sábado, 6 de junho de 2009

UM MINUTO DE SILÊNCIO

Quero encher hoje esse espaço de lugares comuns. Quero deixar que cada leitor me chame de piegas. Quero que nada tenha o efeito da surpresa ou da criatividade. Quero pedir um minuto de silencio pelos mortos do vôo 447 da Air France.
Quando voce estiver lendo essas minguadas linhas pense em quantas vezes voce já embarcou num vôo que chegou ao destino, quantas vezes seus parentes já foram levá-lo ao aeroporto.
Depois imagine-se entrando no avião, colocando as coisas no bagageiro acima de sua poltrona,sentando-se e apertando o cinto, olhando tudo em volta, aguardando a decolagem.
_ Atenção tripulação. check de portas, decolagem autorizada.
Sobe o avião, as luzes de apertar cintos e não fumar permanecem acesas e logo em seguida uma delas se apaga e voce pega a revista ou jornal e começa a ler.
_ Senhores passageiros : Para seu conforto reduziremos as luzes da cabine e dentro de alguns instantes estaremos dando início ao nosso serviço de bordo.
Quando voce estiver lendo essas linhas, lembre-se de quantas vezes participou desta rotina e de como terminou cada vôo seu, sempre ligando para alguém que distante dali, ansioso esperava notícias suas.
O que houve dentro do avião frances no domingo passado, já deve ter acontecido em dezenas de outros, sempre lotados de vítimas indefesas. O desespero vivido por aquela centena de pessoas foi o mesmo de outros tantos.
O que difere neste e nos outros é que nem eu nem voce estávamos lá e porque não, não vem ao caso, já que eles caem de Porto Alegre a São Paulo ou de Manaus à Brasília.
Quero um minuto de reflexão como se fosse por mim ou por voce. Foram pessoas exatamente como nós, pensando , agindo, comendo ou dormindo que em estimados quatro minutos mergulharam no espaço vazio, para nunca mais verem os seus ou serem vistos por estes.
Morrer de dengue, bala perdida, violencia urbana em geral, Aids ou doenças provocadas pelas escolhas erradas que fazemos. fazem parte da vida.
Uma trajédia como essa nos deixa a impressão de que um pouco de nós estava dentro daquele Air Bus 330. Para nós então, um minuto de silêncio.