segunda-feira, 13 de julho de 2009

A SORTE

Assistindo ao espetáculo que foi a comemoração dos 50 anos de carreira de Roberto Carlos, fiquei imaginando a sorte que esse cara deu. Nasceu num estado espremido entre a ufanista Bahia e o maravilhoso Rio de Janeiro, acidentou-se numa linha de trem, perdeu parte de uma perna e lançou-se cantor, numa época em que os Beatles brilhavam e a bossa nova surgia. Só lendo a biografia de Tim Maia, escrita por Nelson Mota para entender, do prisma do azar do outro, como as vidas se cruzaram e tomaram rumos opostos, tendo Tim Maia uma qualidade melódica e vocal muitas vezes superioor à de Roberto.
Um escolheu ser o bom rapaz, falar ao coração e o outro "bad boy" metido em tudo o que se pode ingerir, tomar e cheirar. Teve outra sorte.
Caso parecido se quisermos partir de Graciliano Ramos ou Euclides da Cunha, teve "o cara", pois quem sabe o que se passa no sertão, tem a estatística como parâmetro de quantas crianças sobrevivem em 1000 nascimentos em condições de pobreza e ele está aí para desmentir isso.
Na fase adulta da vida, enfia a mão num torno e só perde o dedo mímino, justo aquele de menos uso, mas capaz de conferir-lhe aposentadoria precoce para fazer o que bem entendesse com os outros nove dedos, sem se preocupar com horário.
Consegue espaço, vez e voz e após tentar por três vezes, chega à Presidencia da República.
Depois que ele assumiu, conservando o superávit primário sobre o PIB (poupança), criado pelo antecessor, gerencia o plano econômico também criado pelo antecessor, chove na cabeceira dos grandes rios como não chovia a pelo menos dez anos e a crise energética foi assunto do governo,passado, encontra uma máquina estatal enxuta pelas privatizações feitas pelo antecessor, não constroi um único grande hospital, não revoluciona a educação, não moderniza um porto, não constroi uma nova rodovia, nem as duplica, não cria uma alternativa ao uso do petróleo ( o Álcool não é invenção dele), não pacifica a sociedade, não apresenta um número de queda dos índices de violência, mas assiste ao momento de maior circulação de riqueza e abundancia de dinheiro que se tem notícia na história da humanidade e levado pela enxurrada de euforia especulativa, apresenta como sua a prosperidade que se alastra no consumismo desenfreado dos últimos dez anos, sete dos quais ele esteve aí para ver e desfrutar nas suas viagens.
Sou também uma pessoa de sorte por tudo o que tive na vida, pais, mulher, filho e amigos e como não entendo nada de política, só posso é comentar como esse "cara" tem sorte.
O visanet, criado por ele para enfiar o Banco do Brasil no esquema da distribuíção de verba publicitária para o PT via Marcos Valério e que seria a única forma de prender os mensaleiros, nessa reviravolta da crise econômica, aparece como forte instrumento de crédito e salvação da lavoura. Até quando faz besteira a sorte sorri para o" cara". Vá entender !!!!