quarta-feira, 10 de junho de 2009

COMO VIAJAR NO TEMPO

Hoje me lembrei de uma história sobre a memória e a coincidência.
Ao entrar na casa que virou construtora e onde fui visitar uns amigos me lembrei de que já havia estado ali, anos antes mas não me recordava para que. Após muita conversa água gelada e cafezinho, pedi licença para ir ao sanitário e lá tudo ficou claro.
No século passado, acredito que em 1987, estive naquela casa que era então uma clínica para fazer um exame que seria único até então. A ciência de lá para cá já evoluiu uma barbaridade mas até hoje o espermograma continua sendo obtido pelo mesmo método.
Confesso que cheguei meio desconfiado e olhando pro chão. A sala de espera cheia, às 7 da manhã, lotada de velhinhas levando cocô, senhores com frasquinhos de xixi e crianças em jejum para colher sangue e eu ali com o papel da requisição na mão junto com a carteira de identidade e o plano de saúde, tentando deixar o balcão esvaziar para sussurrar o motivo de minha visita.
Após o atendimento, sentei quieto à espera da chamada, pensando se a mulher além de gritar meu nome iria dizer para o que era. Mal acabou de pronunciar meu nome, num pulo me apresentei e fui recebido com aquele sorriso Monalisa. Para meu espanto a criatura me entrega o vasilhame onde deveria ser depositado o material. Era um frasco de maionese. Quase sem voz , num esforço sobre-humano falei : _ moça, prá encher isso vai demorar uns dois meses.
Achando que era algum tipo de brincadeira a mulher toda séria responde : - o que sair tá bom !. Estendeu a outra mão e me entregou uma revista pornográfica.Ela não sabia que eu era a própria imagem da vergonha.
Entrei no banheiro. Agora nú, com um frasco de maionese numa mão e na outra a revista.
Nervoso, procurei me acalmar e entrar no clima . Escolhi uma página com três fotos mais picantes, encostei a revista inclinada na pia e comecei o ritual de auto estimulação.
Dez segundos depois bateu um vento e lá estava eu tentando me excitar com a propaganda de um carro da Ford. É ford.
Olhe bem, se a coisa acontecer ou voce é um herói ou um tarado digno de hospício. Fui um herói.
Alguns minutos depois , já relaxado e quase noivo da gatinha da revista, a coisa já pronta, bastando apenas as necessárias repertições de percurso, para o material enfim ser colhido, PRRIMM, toca uma campainha que parecia um alarme de incendio. Do lado da casa funcionava uma escola e o sinal de alguma coisa tocou e este infeliz, quase morto, com o coração disparado e o pinto encolhido perguntava a sí mesmo, e agora ?
Devolvi o frasco e bati em retirada. Dias depois colhi em casa e levei para outra clínica pois naquele banheiro eu não entraria jamais.
Quando anos depois me vi no mesmo lugar, repeti o gesto, guardei o equipamento e desisti de fazer o xixi, neste banheiro não !