terça-feira, 26 de outubro de 2010

********** XÔ NA BAHIA ***********

Quando ouvi pela primeira vez Maria Rita, fiquei imediatamente seduzido pela voz e interpretação, inevitavelmente comparada, com menor carga dramática, à inigualável e inesquecível Elis Regina, sua mãe.
Maria Rita vinha para ficar, veio para ficar. Escolheu repertório novo, tratou de pinçar uma música ou outra de Elis, mas quis marcar seu espaço com uma personalidade própria, na bela voz , suave, autentica mas carregada da sua própria verdade. Não podia entretanto extirpar os tons naturais que nos remetem ao mito quando ouvimos algumas músicas de olhos fechados. Elis está por aqui.
Assim que o seu primeiro CD foi lançado, fui correndo comprar e me lembro que em casa a minha vizinha que aguardava o elevador ouviu a música e depois me perguntou : Essa é a filha de Elis ?; minha resposta foi apanhar o CD e mostrar-lhe embevecido como pode alguém nos remeter ao passado de forma tão real apenas cantando.
Corri também para comprar o ingresso para o show de Maria Rita,o primeiro na Bahia, do seu primeiro trabalho.
Não sei quem foi o imbecil que marcou o espetáculo para a Concha Acústica. Lá fui eu.
Outro imbecil dise que baiano não nasce, estréia e eles acreditaram. Mal começa o negócio já tem gente de mãozinha prá cima, balançando o bracinho prá lá e prá cá e saindo do chão, mesmo que o cantor ou cantora entoe a Ave Maria de Shubert.
Cantam em voz alta, cantam não, berram de cabeça para trás e olhos fechados duas oitavas acima do artista, afinal ele, o baiano já nasce artista !
Uma, duas, na terceira música, educamente pedi aos que estavam perto que me deixassem ouvir a moça para quem eu havia pagado o ingresso para ouvir e quase fui linchado.
Saí do lugar onde estava, perto do palco e fui para a parte mais alta tentar ao menos ver os movimentos da moça descalça que balançava a saia negra ao som de boa música, caso estivesse ouvindo. É de cima que se contempla a baianada de braço prá cima, aos berros, "interpretando" a música, crente que está ajudando o artista no seu front vocal. Dali é que se percebe que tratam qualquer música como se fosse uma música qualquer.
Saí mais cedo puto da vida, mas quem se importa ? Xô na Bahia nunca mais.