segunda-feira, 29 de junho de 2009

O FIM DA ERA DUNGA

Foi inevitável ontem à tarde, assistindo a final da Copa das Confederações não lembrar de Roberto Carlos, não o cantor, mas aquele careca que um dia vestiu a amarelinha. Poderia ser lembrado pelo potente chute de perna esquerda que lhe rendeu contratos publicitários milionários, mas que preferiu ficar , pelo menos na minha memória, pelo gesto de estar consertando a meia enquanto Henri asssinava a sentença de eliminação do Brasil na última Copa.
Foi à partir da lembrança desse idiota e de mais uns quatro ou cinco daquele time, inclusive da ufanista comissão técnica, que percebi, para a minha alegria, que estava ali jogando, com o coração no bico da chuteira, o espírito que levou a nossa seleção de futebol a gozar do prestígio nos quatro cantos do mundo.
A era Dunga, daquele cara do cabelo espetado, capaz de perder a perna mas tirá-la da bola dividida jamais, estava de volta. Ao final, abraçados em círculo, os jogadores e comissão técnica cantavam um grito das torcidas Brasil afora: ô o brasil votou, oBrasil voltou, o Brasil voltou ô !!!
Estava ali sendo escrita a página que pode lhe confundir ao ler o título dessa postagem, mas que faço questão de explicar.
Acabou ontem a idéia de que Dunga representa uma Era de futebol ruim e feio. Dunga será lembrado como o homem capaz de fazer valer, e muito, envergar com orgulho as cores do páis que gerou, projetou e fez a carreira de todos que estavam ali. Dunga colocou para fora os consertadores de meias, os perseguidores de recordes, as focas amestradas que se exibem em treinamentos e só jogam em seus clubes pelo dinheiro que recebem. Joga na seleção quem quer servir ao propósito de representar o Brasil.
Essa parece ser a marca que Dunga quis imprimir e ao que tudo indica, operários da bola a serviço de um objetivo coletivo, vão daqui para a frente, trazer novamente nossas crianças a pedir-nos que compremos camisas da seleção e não mais do Milan, Barcelona e outras porcarias mais que ficam aí pelo caminho.
Se o dinheiro do futebol jogasse, a Espanha e a Itália ou a Alemanha e a Inglaterra teriam feito aquela final ontem. A seleção de Dunga fez um jogo de luta, de raça, de fibra contra um adversário que estava alí por não haver desistido, provando que o sentimento Dunga vale à pena.