Um sujeito enferrujado, de cabelos ocre cruzou o caminho de meu carro hoje pela manhã e com olhar desafiador ergueu o braço para fora do carro apontando o dedo médio para o meu motorista sugerindo-lhe local e uso. Incontinente seu Hélio, errradamente, abaixou o vidro e só não gritou algo como resposta pela velocidade e pela falta de argumentos.
Sendo o sujeito ruivo, faltou a Hélio agilidade para xingá-lo. Ruivos são raros de ver por essas bandas. Fosse um negro dirigindo e cá os temos aos montes, o texto já estaria pronto e a raiva passaria logo. Foi justamente aí que surgiu o problema que discutimos em todo o trajeto até chegarmos ao escritório. Qual era a nossa cor. Eu mesmo, se ficar tres dias doente, fico verde e se for à praia por dois dias consecutivos fico irreconhecível. Com seu Hélio é a mesma coisa e nós somos nada descendentes.
Comigo, levantam o dedo, me mandam desaforos, não tenho quota prá nada, me chamam do que quiserem e não é crime, muito menos inafiançável de forma a pensar que só sirvo mesmo para pagar imposto.
Minha sobrinha no carnaval, de mãos dadas com o namorado, contou-me que uma atirada morena gritou para ele " larga essa branquela gatinho, e vem ficar comigo ! ". O que aconteceria se Carolina ofendida chegasse a uma delegacia em pleno carnaval, reivindicando justiça ? Conselho para que procurasse um bronzeado melhor que garantisse deter ao seu lado mancebo tão disputado.
A segregação é estúpida, gerada pelas diferenças humanas, criadas sem nenhuma razão lógica para ser como são. Na sanha insana de proteger sem explicar, aprofundamos distancias quando damos dimensão exagerada a questões bobas que sem relevo, se perderiam nas ruas.
O que reivindico aqui é apenas o direito que tem seu Hélio de mandar o ruivo enfiar aquele dedo no cu da mãe dele ou no próprio, sem saber quem foi que o pintou de ruivo ou ser preso por tão pouco.
quinta-feira, 16 de abril de 2009
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