sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

PENSE NA SUA MÃE

Qual o nome da sua mãe ? Faça isso, toda vez que neste texto aparecer o nome Zenaide, voce substitue pelo da sua mãe.
Dona Zenaide tinha uns setenta anos e morava em Pojuca. Ficou viúva cedo e com muita dificuldade criou os seus seis filhos. Todos trabalhadores, pessoas humildes mas honradas e por coincidência um deles trabalha para mim a quase seis anos.
Dona Zenaide vivia uma vida sofrida, acometida de diabetes e por conta da dificuldade que a doença produz na coagulação do sangue, um pequeno ferimento no dedo mínimo do pé direito, que não cicatrizava fez com que a família a trouxesse do interior e buscasse interná-la no maior hospital público da capital do quinto maior estado do Brasil.
Com o ferimento no pé, a diabetes e a idade avançada, por mais de uma semana dona Zenaide padeceu sem ser devidamente atendida na emergencia do Hospital Roberto Santos.
Quando o filho dela, me disse da situação da mãe, lembrei-me ter na Secretaria de Saúde do Estado um amigo querido e sempre solícito que prontamente atendeu-me e providenciou a remoção de dona Zenaide para um quarto. Lamentavelmente é assim, precisamos de amigos em determinados lugares que são públicos, para termos o que é de direito e que era para ser de todos.
Dona Zenaide então passou para um lugar melhor mas não a ter uma atenção melhor. Necessitava de um procedimento de revascularização para não perder o dedo, mas a doença não espera a fila do SUS e a amputação do dedo passou a ser inevitável. Falei com meu amigo e este com outro amigo que por seu truno é ninguém menos que o sub-secretário de Saúde do Estado e um Diretor do Hospital chegou a estar com a família, afirmando que em poucos dias dona Zenaide seria operada e voltaria para casa. O tempo passou, um mês depois e nada, novos telefonemas e finalmente no dia 28 de dezembro, após cinco adiamentos e três coletas de sangue para a realização da cirurgia, amputaram não o dedo mas o pé de dona Zenaide.
Após mais de 60 dias de leito, aguardando uma cirurgia, no dia primeiro de janeiro de 2010, dona Zenaide faleceu. Abraçou uma filha e disse-lhe que estava partindo. Esperou o quanto pôde.
Se nem com amigos em postos chaves, pedidos e acompanhamento da família essa senhora teve um atendimento digno o que dizer do resto ? Todos nós somos o resto neste esquema covarde deste sistema perverso.
Quanto a dor e revolta da família, faça como sugeri e troque o nome da personagem pelo da sua mãe.