Andei pensando como pode um ocupante de órgão público estar em casa, assistir na televisão cenas de pessoas amontoadas em corredores de hospitais à espera de atendimento, famílias inteiras em desespero ocupando ginásios porque perderam as precárias moradias em tragédias climáticas, pessoas mostrando o avanço da dengue à beira de canais e esgotos a céu aberto, caminhoneiros perdendo cargas por problemas nas estradas, um sem número de fatos que se reproduzem sem solução entra governo sai governo.
Este ocupante de cargo público já foi assessor disso, coordenador daquilo, diretor de um órgão, superintendente de outro, quer ser deputado estadual, sonha em ser Ministro, para contribuir com a sua vasta experiência em pular de galho em galho sem resolver nada e continuar a ser chamado para alguma coisa nova, que por certo virá.
Só encontrei explicação para isso na amizade.
Quando um grupo de amigos sai para beber, há aquele que escolhe o lugar e os outros o seguem, este muitas vezes, por ter uma condição melhor acaba não raro, pagando a maior parte da conta, é digamos assim "o líder". Neste caso temos uma turma. Por anos a fio a turma se reúne, comemora conquistas, vai ao bar, ao futebol, aos casamentos, aos funerais. Estão unidos por laços criados ao longo dos anos. Cada um seguindo seu caminho, ora acertando ora errando nas escolhas que fazem, mas sempre próximos, pois são da mesma turma.
Há entretanto grupos de amigos que resolvem após jantarem, por exemplo, pato laqueado alçar o "lider" a um projeto maior, bem maior.
Em outros casos grupos que,digamos, exilados engendravam projetos pessoais em convescotes intelectuais e escolhiam dentre eles um "líder" para voar também alto, bem alto.
Em todos os níveis sonhar é possível, até em portas de fábricas, após o expediente, num churrasco ou pelada, entre uma branquinha e outra, porque não sonhar em chegar longe, muito longe ?
Tudo isso um grupo de amigos pode e deve fazer, faz parte do saudável prazer em pertencer a uma turma. O perigo está, quando esse sonho envolve a coisa alheia, a rés publica.
A sutil diferença está quando uma turma vira uma quadrilha.
terça-feira, 19 de maio de 2009
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