Quando maravilhado lia diariamente a coluna de Clóvis Rossi, articulista da Folha de São Paulo, embora sabendo que escrever não era apenas usar um dom de colocar as palavras em tom certo e adequado, ser direto e objetivo no espaço que lhe é ofertado, mas também um exercício de pesquisa, confirmação da fonte, estudo das circunstâncias históricas, compromisso com a verdade, bom domínio da língua e demais qualidades que um jornalista com ele tem de sobra.
Me intrigava também como podia um cara andar tanto, saber tanto , denunciar tanto, mostrar tão claramente as mazelas todas que nos enojam e saber que no outro dia, estaria ali para fazer quase o mesmo, mês a mês, ano a ano, sem aparentar cansaço ao perceber que um fato comentado, um escândalo exposto, uma denuncia feita, só serve de preparativo ao novo fato escandaloso seguinte a ter o mesmo destino do próximo ainda não revelado.
Pois é esse o papel do jornalista, do comentarista, ser incansável até que outro o substitua ou cessem os fatos escandalosos que mereçam nota.
Diante disso é que penso ser inútil estar aqui quase todos os dias para dizer quase as mesmas coisas sem o brilho de gente como ele.
Nunca antes na história desse país, eu vi, como simples telespectador, filmagens onde um Waldomiro qualquer recebe dinheiro, ou um sujeito dos correios conta dinheiro e põe no bolso do paletó em rede nacional, um cara leva dólares na cueca, um dos 5.562 prefeitos é flagrado recebendo propina ( faltam filmar os outros 5.561), assim como o dinheiro na mesa da filha de Sarney e outras centenas de imundices e safadezas desse país sem jeito , nesse lamaçal sem fim.
Agora, sai um tal Ranking da Corrupção mundial onde o Brasil constava na sua última versão, na octagésima quinta colocação (85), entre 180 países e nessa publicada ontem, subiu para a septuagésima quarta posição.
Se com tudo o que vemos e vivemos conseguimos reduzir a corrupção, e só temos hoje 106 países onde se rouba e se corrompe mais, nós melhoramos e muito.
Há apenas 75 países onde se rouba menos que o Brasil.
Clovis Rossi me socorra !
No ranking da vergonha o Brasil não aparece. Ou nunca tivemos ou perdemos a que tínhamos, porque acreditar em rankings como estes, aceitá-los ou pior crer que realmente no ambiente onde vivemos essa praga recuou, é ser no mínimo, o cara de pau número um.
terça-feira, 17 de novembro de 2009
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