Este verão que passou ficou marcado, para aqueles que aventuraram-se em viagens de navio, como a estação da diarréia. Como diz o presidente, " nunca antes na história deste país" tantos viajaram de navio. Mas nem sempre foi assim.
Uma das reformas ocorridas na gestão de FHC foi a liberação da navagação de cabotagem que consiste em permitir que navios estrangeiros usem o litoral do país para pequenos "cruzeiros". Se não me falha a memória, o Brasil é o único no mundo a permitir isso. O normal é navio chegar e sair. Esse vai e vem com moeda estrangeira, na costa, parece que só é aqui .
Movimenta a economia interna apenas na parcela que as agências de viagem ganham e nas comprinhas que os brasileiros fazem nos diversos portos onde param para fazer visitas de um dia. Chegam pela manhã e saem à noite. O grosso do dinheiro fica dentro dos navios, a moeda é o dólar os os cartões internacionais. O navio tem sua tripulação majoritariamente recrutada em países asiáticos e do leste europeu pobre. Só foi um bom negócio para quem aprovou a lei (deputado baiano) e para as grandes companhias estrangeiras e para aqueles que finalmente podem jogar um pouco no cassino, já que em terra firme ainda é "proibido".
No começo era caro, nos jantares exigia-se o uso de paletó e gravata no restaurante principal. Tinha, no início, um certo e tradicional glamour.
A julgar pelas notícias, o número de navios aumentou devido ao número de passageiros, o preço caiu bastante e pela quantidade de notícias de infecções intestinais e óbitos a elas relacionadas podemos concluir que o GRAMU acabou, ou está fadado a acabar. Jô Soares dizia no passado " não traz a máfia para o Brasil que esculhambam a máfia". Continua assim.
Em dezembro de 1999, com medo do bug do milênio, fizemos uma viagem dessas, eu e minha mulher e passamos o aniversário dela, noite de Natal à bordo de um navio desses.
Lá conhecemos um casal de noivos, ela baiana e ele libanês. A amizade dura até hoje. Eles se casaram, tiveram duas filhas e hoje vivem no Líbano. Enquanto moraram aqui, nos víamos sempre e tudo da vida deles e eles da nossa, acompanhamos nesses anos, incluindo aí os nascimentos de nossos filhos, batizados, aniversários, tudo.
Hoje para minha agradável surprêsa, vejo o nome dela entre os seguidores deste blog, não a primeira, nem a última (espero). Assim como para viajar de navio, para tudo há uma hora certa.
Essa certeza vale para os amigos que fazemos. Na hora certa soubemos, no meio do mar, escolher, dentre centenas, um par de amigos para sempre.
sexta-feira, 23 de abril de 2010
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