quarta-feira, 14 de outubro de 2009

MEU ENCONTRO COM O FUTURO

Quem me conhece de perto sabe que sou careta, portanto esse título que parece nome de filme de ficção não foi extraído de nenhuma "viagem" alucinógena.
Como sou filho de um velhinho que anda todo torto, gemendo e reclamando das dores das artrites, artroses, e todo um ABC de males, fui procurar um médico fisiátra, dos bons, sem convênio nem com Jesus Cristo e comecei a coisa de um mês uma bateria de exames buscando aliviar as dores que já sinto e outras que sentirei porque a genética não falha nunca.
Só de sangue foram oito envelopes com exames de tudo o que pode ser pedido e o resultado me surpreendeu positivamente, uma vez que ele próprio elogoiu as taxas que encontrou, o que já serve de alento.
Ainda falta fazer uma avaliação dos movimentos da bacia, porque na radiografia foi encontrada uma calcificação cuja origem ele quer determinar com uma ressonância magnética, para tentar aliviar as dores que sinto ao jogar tênis e faço movimentos laterais um pouco mais fortes.
Isso aí ele viu em uma das sete radiografias que levei a seu pedido, do pescoço, da coluna , da bacia e dos fêmures.
Pois o meu encontro com o futuro deu-se exatamente no momento em que o médico olhava uma radiografia e deixou a que ilustra o pescoço em cima da mesa e eu pude me ver, como sou na verdade ou como ficarei um dia.
Amigos, eu vi o que talvez todos voces tenham visto mas não tenham enxergado. Vi a minha própria caveira.
Sem cabelo, sem pele, sem sorriso, sem brilho no olhar, sem carne. O crânio, os dentes as fossas nasais, o buraco da órbitas. Eu sempre só fui aquilo e para que quis ser tanto mais ?
Não, esse não pretende ser mais um texto hipócrita, cheio de citações ufanistas e de exaltação de valores. Esse texto é fruto de um susto, um simples e banal susto, que chamou minha atenção.
Será assim mesmo comigo, com todos nós, com os que já foram e os que virão. Não é de tristeza que busco falar aqui, é de simplicidade, é da impotência que temos em fazer algo para evitar que a radiografia prevaleça.
Uma privação aqui, uma dieta ali e o que teremos ? Um pouco mais de tempo? Para vermos o desenrolar das histórias que o tempo nos ensinou como terminam?
Vou me largar ? Não ! Vou tentar o mais que puder deixar essa caveira envolta em pele, rosada pelo sol de BuscaVida e cheia de bom scotch.
E que futuro continue pertencendo a Deus !