Já faz um bom par de anos que estarrecido ouvi, contada por minha irmã, a história de que havendo levado os filhos á festa de anversário de uma coleguinha de escola de Júlia, sua filha caçula com então sete anos, não mais que repentinamente, lá onde estavam os adultos, chega a aniversariante com a roupa rasgada e logo depois outro pequeno com um sangramento na testa ; os pais, todos a essa altura levantam-se e vão, cada um segurar ou procurar seu próprio filho no meio de uma briga generalizada, dessas de saída de estádio, onde pedras eram atiradas. Obviamente ali mesmo acabou a festa. Detalhe, o evento não era na periferia, os meninos não eram os rotulados de sempre.
Esata semana o Palmeiras teve dois dos seus jogadores expulsos no intervalo do primeiro para o segundo tempo por haverem protagonizado uma troca de bofetadas entre si. Detalhe, não eram adversários eram colegas, assim como as crianças da tal festa.
O que se esperar então dos estranhos, que nunca se viram, que não tem nada em comum entre sí, além do fato de cada um ter um carro ?
Pois é, estamos diante do momento em que o homem cordial está desaparecendo ou não mais existe, coisa que intriga pois de há muito já preocupa.
A educação é coisa ampla, precisa de fundamentos, leva tempo e custa caro para ser implantada. Tem etapas, precisa de componentes e agentes vários, precisa estender-se, forma culturas, faz história, constroe nações, molda destinos.
A cordialidade é coisa simples, do homem da feira que dá um pouco da farinha que vende, da mulher que limpa o canto da boca do filho da outra que se sujou comendo um doce. Isso, a cordialidade é apenas a doçura, o sorriso gratuito a alegria boba da pessoa mais simples. A cordialidade talvez seja o traço mais humano a nos diferir dos animais ditos irracionais. Isso, estamos perdendo a racionalidade. Quase não se brinca mais. Qualquer má interpretação é o rastilho que deflagra a explosão.
Que pote de ouro esconde-se atrás de que arco-íris que nos obrigue a abrir mão disso para nos brutalizar por tudo ? Estamos explodindo sem sermos devotos de Alah. Estamos matando sem recompensa, morrendo sem ser por sacríficio, perdendo sem ser para ganhar.
Não é feliz que vivo para ver o fim do homem cordial, porque ser cordial é ser homem como fui criado para ser. De bem, do bem e de paz.
quinta-feira, 19 de novembro de 2009
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