Para quem torce por time da segunda divisão, sábado é dia de futebol. Tudo muda nesta vida, fui criado sabendo que domingo era dia de missa, feijoada e futebol. Triste, fui obrigado a mudar o calendário e me acostumar com o que não posso mudar.
Conforme avisei, fui ao estádio com o coração apertado. Levei meu filho e meu afilhado e para nos levar, Hélio o bom motorista, torcedor do rival mas amante de futebol e educadíssimo já que levanta e aplaude a entrada do esquadrão de aço em campo, morto de medo da minha reação caso não faça isso.
O novo estádio tem um potente serviço de som e numa tarde iluminada pelo sol de Salvador, vinte e cinco mil pessoas, bandeiras, balões coloridos, ouve-se o hino do Bahia. Convenhamos, é de arrepiar até o torcedor rival mais frio.
Numa feliz coincidencia não planejada, almocei bacalhau com batatas ao murro, brócolis e arroz de alho, regado com bom azeite portugues e vinho do Alentejo e saí para ver o Vasco da Gama que amarga também a segunda divisão.
Ter bandidos na administração de clubes de futebol não é privilégio do Bahia e o Vasco é a prova disso.
A poesia e o enlevo acabam com o apito do juíz, um alagoano de quase dois metros, atrapalhado e digno de apitar jogo de segunda. Não se pode esperar nada de nada e assim é com o jogo. Torturantes 45 minutos de absolutamente nada. As duas equipes, se é que se pode chamar um bando assim, atacam sem objetividade, chutam a esmo, não possuem disciplina tática nem qualidade técnica. É feio de se ver !
O povo lá, pulando, cantando , gritando e xingando. Vinte e cinco mil pessoas em festa, comemorando zero a zero.
O jogo estava tão ruim que um fato me chamou a atenção. Antigamente quando o time estava atacando, pressionando, quase marcando a gente levantava e só se sentava depois de ver para onde a bola ia. Ontem a torcida levantava quando o Bahia conseguia passar do meio campo. Entenderam, essa era a emoção maior daquele primeiro tempo.
No intervalo mais hino. Agora sem arrepio, senão de medo pelo que poderia vir e veio. Gol do Vasco.
Mudo, não sabia o que dizer a meu filho que se nunca tinha visto o Bahia ganhar um título nos seus sete anos de vida, pior seria sair dali com uma derrota.Coincidencia ou não, pediu para ir embora e eu prometi que iria assim que o Bahia empatasse. E o Bahia empatou. Pulei gritei, sorri abraçado a meu filho e meu sobrinho como um dia já fiz abraçado a meu pai. Desta vez, com o coração apertado pensei que seria a melhor hora para sair e aos trina e cinco minutos do segundo tempo, saímos. Era melhor ter essa história para contar do que história nenhuma.
Já na rua, perto do carro, o mundo veio abaixo, o Bahia marcou o segundo gol, não vimos o gol, mas nos abraçamos novamente, afinal somos torcedores do Esquadão de Aço.
domingo, 26 de julho de 2009
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