Habituado a honrar a matriz do blog que é fazer um grande diário compartilhado e aberto, hoje vou variar um pouco. Usarei o espaço para falar de Milton Santos. Esse homem admirável, nasceu em Brotas de Macaúbas, interior da Bahia em maio de 1926. Em 1948 formou-se em Direito pela UFBA. Para viver, ensinava geografia no ensino médio e apaixonou-se pela matéria, tornando-se em1958 doutor em geografia pela Universidade de Estrasburgo na França. Daí não parou mais, lecionou nas Universidades de Toulouse, Bordeaux e Paris, dando aulas como convidado nas Universidades de Toronto ( Canadá), MIT (EUA) e Columbia em NY. Em 1994 recebeu o prêmio Vautrin Lud, considerado o Nobel de Geografia e o único concedido até hoje a um intelectual que não escreve em inglês.
Como morou fora desde o exílio em 1964 e, quando voltou ao Brasil fixou residencia em São Paulo, só pude conhecer Milton Santos e a sua impressionante presença carismática, num jantar oferecido a ele no Saint Honoré, restaurante do antigo Hotel Meridien, pelos seus amigos e lá estava um dos seus grandes, o prof. Ary Guimarães. Naquela noite ele pode rever a afilhada, minha mulher, a quem batizara em 1961 e que nunca mais viu. Estávamos em 1997.
Milton Santos faleceu em 2001 deixando 20 livros publicados e uma visão única do homem no tempo e neste planeta.
Em 2004, a Folha lançou uma coletânea de textos seus ali publicados ao longo dos anos e escolheu o título de um deles para nominar o livro " O País distorcido". Em 2005 dei este livro de presente à Laíse e ontem o estava folheando e ví, escrito como em 1985, como se fosse hoje, o olhar penetrante de Milton Santos que diz : "As grandes cidades do nosso tempo, são o lugar onde a ética da competição e a pressão pelo status mais depressa conduzem ao individualismo aberto e possessivo, ao mesmo tempo que a massificação materialista termina por levar à fragmentação e à perda da individualidade. "
Diz o professor com propriedade, que o mau humor, as hostilidades, as violências e os crimes são sintomas de uma mesma sídrome cuja raiz é uma só, que é o medo." A cidade do medo acaba por criar novos medos e o maior deles é sem dúvida o medo da pobreza e o medo dos pobres".
Acabamos tendo mais medo das vítimas que das causas da miséria.
Hoje sem palpites e incapaz de revelar a grandeza de Milton Santos, deixo aqui um gostinho de quero mais e os convido a entrar para conhecer um pouco, o universo desse extraordinário pensador brasileiro.
O PAÍS DITORCIDO- O BRASIL, A GLOBALIZAÇÃO E A CIDADANIA - fev 2004 Publifolha
terça-feira, 1 de dezembro de 2009
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