Qual o nome da sua mãe ? Faça isso, toda vez que neste texto aparecer o nome Zenaide, voce substitue pelo da sua mãe.
Dona Zenaide tinha uns setenta anos e morava em Pojuca. Ficou viúva cedo e com muita dificuldade criou os seus seis filhos. Todos trabalhadores, pessoas humildes mas honradas e por coincidência um deles trabalha para mim a quase seis anos.
Dona Zenaide vivia uma vida sofrida, acometida de diabetes e por conta da dificuldade que a doença produz na coagulação do sangue, um pequeno ferimento no dedo mínimo do pé direito, que não cicatrizava fez com que a família a trouxesse do interior e buscasse interná-la no maior hospital público da capital do quinto maior estado do Brasil.
Com o ferimento no pé, a diabetes e a idade avançada, por mais de uma semana dona Zenaide padeceu sem ser devidamente atendida na emergencia do Hospital Roberto Santos.
Quando o filho dela, me disse da situação da mãe, lembrei-me ter na Secretaria de Saúde do Estado um amigo querido e sempre solícito que prontamente atendeu-me e providenciou a remoção de dona Zenaide para um quarto. Lamentavelmente é assim, precisamos de amigos em determinados lugares que são públicos, para termos o que é de direito e que era para ser de todos.
Dona Zenaide então passou para um lugar melhor mas não a ter uma atenção melhor. Necessitava de um procedimento de revascularização para não perder o dedo, mas a doença não espera a fila do SUS e a amputação do dedo passou a ser inevitável. Falei com meu amigo e este com outro amigo que por seu truno é ninguém menos que o sub-secretário de Saúde do Estado e um Diretor do Hospital chegou a estar com a família, afirmando que em poucos dias dona Zenaide seria operada e voltaria para casa. O tempo passou, um mês depois e nada, novos telefonemas e finalmente no dia 28 de dezembro, após cinco adiamentos e três coletas de sangue para a realização da cirurgia, amputaram não o dedo mas o pé de dona Zenaide.
Após mais de 60 dias de leito, aguardando uma cirurgia, no dia primeiro de janeiro de 2010, dona Zenaide faleceu. Abraçou uma filha e disse-lhe que estava partindo. Esperou o quanto pôde.
Se nem com amigos em postos chaves, pedidos e acompanhamento da família essa senhora teve um atendimento digno o que dizer do resto ? Todos nós somos o resto neste esquema covarde deste sistema perverso.
Quanto a dor e revolta da família, faça como sugeri e troque o nome da personagem pelo da sua mãe.
sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010
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Eu li, viu Marcão!!!
ResponderExcluirInfelizmente a sensação é de não ter mais esperança em nada , errado é, mas é minha sensação.
Enquanto não mudarmos nós mesmos, como poderemos mudar o que está em nossa volta?
Tô aqui de olho em vc, feliz ano novo, pois só agora começa o ano, para muitos !!!!kkk
Abração
Como descrever o sentimento de “perda” por causa da falta de atendimento no sistema de saúde. Pagamos impostos em tudo e não temos sequer o mínimo. O que ganhamos? Falta de esperança, humilhação, abandono. Fazer o que? Falar pra quem? ...
ResponderExcluirDoutor!!!Veja outra coisa horrível: Dia 26/12/2009 a mãe de um grande amigo meu,faleceu a caminho do Posto de Saúde de Pirajá.Os filhos achavam que ela tinha desmaiado.Quando chegaram no Posto os médicos costataram a morte e não quiseram se responsabilizar, encaminhando assim o corpo e seus filhos para o Nina Rodrigues.Dia 26 era um sabádo e ela tinha morrido às 21:00h seus filhos amanheceram o Domingo no Nina.Como se não bastasse a dor da perda da mãe seus filhos tiveram que entrar três vezes naquela sala gelada para como dizem eles "reconhcer o corpo" e o corpo só foi liberado no Domingo porque o Padre do bairro em que moramos conhecia uma pessoa, que conhecia outra que trabalhava no Nina.
ResponderExcluirÉ Doutor!!!Isso acontece todos os dias. Morto ou estando para Morrer.
Infelizmente essa estória se repete a cada dia em vários hospitais brasileiros.
ResponderExcluirSe ocorre em um hospital do quinto maior Estado do país, imaginem nos hospitais dos demais Estados !
Esse caos faz parte do contexto chamado ATRASO em relação aos países do primeiro mundo, onde o setor de saúde pública é levado a sério. Nada menos que vergonhoso, o episódio ocorrido.
O pior é que poucos tomam providências de denunciá-los, pois a maioria não se ilude em depositar na desacreditada Justiça, esperança de que culpados sejam punidos.
Médicos culpam as estruturas hospitalares, e diretores de clínicas e hospitais querem responsabilizar o governo ou mesmo os próprios médicos por acontecimentos dessa natureza, e, no final, nada se resolve e casos similares continuam acontecendo.
Apresento meus sentimentos aos familiares de D. Zenaide estimulando-os a denunciarem o ocorrido ao Ministério Público ou a quem de direito, imaginando ser esta a única maneira de contribuírem para que casos como esse não mais se repitam.
Marquinho.
ResponderExcluirTambém já tive mãe em hospital. Nossa saúde é uma grande doença.
Bem,fiz minha residência lá no Roberto Santos (sou dentista,mas fiz residência em cirurgia Buco-Maxilo-Facial) e vi de perto como são as coisas lá..isso ai é o dia a dia de lá,sendo que esse dia a dia é abafado na maioria das vezes..pasmem com essa história que vou lhes contar: eu e meu colega,num dos plantões de nossa residência,andávamos pela sala de emergência que recebe de imediato os primeiros pacientes quando vimos um paciente deitado,que foi dado instantes antes como morto...bem,ele estava largado lá esperando alguém levá-lo para o necrotério,foi quando eu e meu colega percebemos que o paciente respirava e tinha pulso..pois bem,corremos atras do cirurgião da emergência e falamos do ocorrido,ele desesperado,tomou as devidas providências e fomos os 3,ele com o atestado de óbito ASSINADO por outro médico atrás do médico que assinou..chegando lá e ecplicando o fato,ele simplesmente falou: "tá vivo? pronto,rasgue o atestado de óbito,com um sorrisinho descarado no rosto"..bem isso foi um exemplo de que médicos não estão nem ai pros pacientes,não sao todos,mas uma grande maioria de hospital e serviço público...a saúde que interessa é a do bolso!
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