quarta-feira, 7 de abril de 2010

JORNALISTAS EM FESTA

Todo mundo sabe, não é novidade, que o fim da polícia é o fim da criminalidade. Sem a existencia de um não se justifica a existencia do outro. Talvez um contingentezinho só para conter multidões, organizar entradas e saídas, coisas do gênero, mas essa parafernália de carros, motos helicópteros e armas, tudo isso tinha fim.
Notícias comuns e triviais não vendem jornais, disso também sabemos. Assim, uma tempestade aqui, um terremoto lá, já era para ser motivo de alvoroço à turma do "furo", da instantaneidade da informação.
Nada mais aconteceu no mundo na semana passada que estivesse fora do fórum de Santana em São Paulo. Todos à cata de detalhes do julgamento dos Nardoni. Antes deles a prisão daquele safado travestido de governador de Brasília e antes desse o terremoto no Haití. Teve um fim de mundo no Chile que já foi esquecido e um tremor no México que abalou a costa oeste americana mas nada sensacional que merecesse horas de transmissão e relatos pungentes cheios de emoção.
Neste momento em que o planeta está quase se partindo ao meio, uma tempestade no Rio de Janeiro, dessas que matam 107 pessoas em 24 horas, bastou para que a imprensa ficasse em polvorosa, excitados com a tragédia que se abateu sobre a Cidade Maravilhosa, como se tudo não estivesse previsto num script macabro.
Eles lamentam, mas babam de excitação a cada boletim com mais mortes.
Os mortos de ontem viviam pendurados nas encostas do Brasil inteiro ,e os que ainda não morreram esperam a sua vez para virarem estatística. A imprensa vive da notícia imediata, da notícia fresca, essa é a que interessa. Enquanto não morrem, essas pessoas não valem lá muita coisa.
Todos sabemos que a imprensa é considerada o quarto poder, somente ela pode mobilizar multidões para tirar um presidente, viabilizar ou inviabilizar candidaturas, transformar anônimos em celebridades, idiotas em astros.
Quisesse ela, exporia governos e governantes, não trocaria notícia por cargos e levaria a verdade sem maquiágem ou meias verdades, colocaria pontos nos "is". De ontem prá frente,uma campanha nacional pelo fim da licenciosidade criminosa da ocupação desordenada do solo urbano. Haverá ? Duvido.
Assim como não haverá o fim do crime e neste planeta o que não faltará serão tragédias para serem mostradas, os jornalistas continuarão em festa.

3 comentários:

  1. E bote sensacionalismo nisso !!! Se vocês aí de Salvador notaram essa excitação pela informação a primeira mão sobre o número de mortos, imaginem aqui no Rio ! O Plantão da Globo praticamente não saiu do ar. Hoje pela manhã, com um sol maravilhoso, ainda só falavam nisso e ainda aconselhando os cariocas não sairem de casa, é mole ?
    Como com o passar do dia as mortes foram aumentando de número, já chegando a 140 no início da noite, a exploração dos índices de audiência era grande.
    No final da tarde caiu outro temporal atingindo principalmente Niterói, com diversas casas soterradas e dezenas de novos mortos. Prato cheio para o Jornais noturnos e para o resto da semana.
    Ah, notícias de coisas boas ? Faz tempo que não ouço !!! Não vende !!!
    Forte abraço

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  2. Doutor!!!Essa é nossa realidade,infelizmente só vende se for tragedia ou ex-BBB pelada.

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