segunda-feira, 15 de março de 2010

APENAS OBSERVANDO

Foi assim, deitado numa rede antes das sete da noite, esperando o Jornal Nacional começar, num balanço preguiçoso após uma sexta-feira cansativa.
Em Busca Vida temos um pequeno galinheiro com um plantel modesto de oito galinhas e dois galos. Vivem separados em dois grupos, cada um com o seu espaço e harém para não dar briga. Um é pai do outro, ambos são enormes, alimentam-se de ração e são sadios e fortes. Nós desde que resolvemos criá-los, não compramos ovos e os usamos certos de que são bons e verdadeiramente de quintal.
A rede, entre duas pilastras ao pé de um coqueiro, fica a uns cinco metros do galinheiro, numa área onde um pergolado abriga um jasmineiro que durante o dia dá sombra e à noite perfume e um bouganville roxo que no verão assusta de tão lindo, carrregado. Na brisa do fim de tarde, copo de Whisky na mão, espero o jantar que é servido na antiga mesa de madeira com bancos de igreja, entre a cozinha e a rede e o caseiro põe sua televisão para fora do pequeno quarto e nós ali mesmo assistimos os telejornais. Temos o hábito de subir para o quarto logo que Fátima Bernardes e o marido nos dão boa noite.
As sete todos no galinheiro já estão empoleirados. Parecem dormir.
Enternecido pela paz que me cerca, andei pensando aventurar-me na tentativa de persuadir minha mulher a namorar, fazer osadia ( como dizíamos antigamente), mas lembrei-me que teria que decidir isso rápido porque se ela subisse decidida a dormir, não havia santo que a demovesse da idéia. Na nossa idade é assim, se começa e fica bom aí vai até o fim, mas prá começar..... ô preguiça infeliz !
Decidi, dei uns sinais e para minha surprêsa acatou a idéia. Subiu na frente para arrumar-se e eu que não demorasse pois o sono é concorrente forte.
Lá fui eu. Foi tudo bem. O amor é lindo !
Mais leve e sorridente, resolvo descer e deitar na rede e assistir a novela das oito. Pego mais uma dose, peço à cozinheira que faça um sanduiche com pão ciabatta, rúcula, parma, cenoura ralada e queijo de búfala e pasta de alho. Isso quente, com uma taça de vinho é estar na Itália sem sair de casa.
Novamente na rede, percebo um alvoroço no galinheiro. Viro prá ver o que é e lá está o sr. Galo.
Deu-lhe a vontade, escolheu uma das esposas que alías já estava dormindo desde às seis horas,vup vup vup, esporão nas costas e se não tiver insônia que volte a dormir. Esse sujeito é que sabe viver a vida, não pede, não negocia, não perdoa e ainda é disputado. Cansado, bate as asas com força, sobe no catre e avisa que logo às quatro da manhã, canta alto para mostrar que à partir daquela hora pode fazer fila que já acorda disposto.
Apenas observando voltei para a cama e fui dormir calado, sem comparações, é claro, pois não tenho a metade da saúde dele.

3 comentários:

  1. hehehehehehe....já pensou se em vez de um galinheiro com galinhas e galos você tivesse alguns coelhos e coelhas???

    ai,meu caro,se sua mulher comparasse,você tava lascado!!!
    hehehehe..já não ia ser tão ágil nem tão rápido...é isso,o tempo passa,a idade vem,mas enquanto a mente e o corpo estiverem sãos,você achar sua esposa bonita como antes, ai é sucesso garantido!!!
    Mas realmente,com um bom vinho, um aperitivo decente e leve, silêncio em volta,o vento soprando, só falta uma hidromassagm ou um ofurô..ÊEEEE, beleza!!!

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  2. "Vivem separados em dois grupos, cada um com o seu espaço e harém para não dar briga" ! Que inveja, cada um com seu harém ! Temos que nos contentar com uma !!! Ops !!! Com apenas uma mulher, eu quis dizer !!! Felizes esses galos que dão uma às 21h e outra a partir das 4h !!! Isso é que é alegria !!! O resto...hum!!! Forte abraço

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