quinta-feira, 19 de novembro de 2009

SER CORDIAL

Já faz um bom par de anos que estarrecido ouvi, contada por minha irmã, a história de que havendo levado os filhos á festa de anversário de uma coleguinha de escola de Júlia, sua filha caçula com então sete anos, não mais que repentinamente, lá onde estavam os adultos, chega a aniversariante com a roupa rasgada e logo depois outro pequeno com um sangramento na testa ; os pais, todos a essa altura levantam-se e vão, cada um segurar ou procurar seu próprio filho no meio de uma briga generalizada, dessas de saída de estádio, onde pedras eram atiradas. Obviamente ali mesmo acabou a festa. Detalhe, o evento não era na periferia, os meninos não eram os rotulados de sempre.
Esata semana o Palmeiras teve dois dos seus jogadores expulsos no intervalo do primeiro para o segundo tempo por haverem protagonizado uma troca de bofetadas entre si. Detalhe, não eram adversários eram colegas, assim como as crianças da tal festa.
O que se esperar então dos estranhos, que nunca se viram, que não tem nada em comum entre sí, além do fato de cada um ter um carro ?
Pois é, estamos diante do momento em que o homem cordial está desaparecendo ou não mais existe, coisa que intriga pois de há muito já preocupa.
A educação é coisa ampla, precisa de fundamentos, leva tempo e custa caro para ser implantada. Tem etapas, precisa de componentes e agentes vários, precisa estender-se, forma culturas, faz história, constroe nações, molda destinos.
A cordialidade é coisa simples, do homem da feira que dá um pouco da farinha que vende, da mulher que limpa o canto da boca do filho da outra que se sujou comendo um doce. Isso, a cordialidade é apenas a doçura, o sorriso gratuito a alegria boba da pessoa mais simples. A cordialidade talvez seja o traço mais humano a nos diferir dos animais ditos irracionais. Isso, estamos perdendo a racionalidade. Quase não se brinca mais. Qualquer má interpretação é o rastilho que deflagra a explosão.
Que pote de ouro esconde-se atrás de que arco-íris que nos obrigue a abrir mão disso para nos brutalizar por tudo ? Estamos explodindo sem sermos devotos de Alah. Estamos matando sem recompensa, morrendo sem ser por sacríficio, perdendo sem ser para ganhar.
Não é feliz que vivo para ver o fim do homem cordial, porque ser cordial é ser homem como fui criado para ser. De bem, do bem e de paz.

4 comentários:

  1. O jovem precisa de bons modelos de conduta p/seguir:quem está acostumado a ver agressividade no trato com o outro, ou é alvo de atos ou palavras hostis certamente reproduzirá essas mesmas atitudes. Por isso, atitudes como a dos jogadores do Palmeiras e a das crianças no "niver" devem ser questionadas e sujeitas a punição p/se resgatar as regras de condutas que estão esquecidas na "arte de educar" como: cordialidade e respeito ao próximo. Precisamos resgatar esses valores nas escolas, nas famílias, nos esportes; perdidos nessa época de correria que vivemos hoje e com novos padrões impostos pela altíssima competitividade. Fé e alegria de viver, é o que falta!!!!!!!! Abraços,
    Milena Lisboa

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  3. Aqui vai a minha modesta opinião sobre o que é ser cordial:

    1 - Irmã Dulce

    2 - Betinho

    3 - Profeta Gentileza (A idéia de um mundo regido pela gentileza foi pregada por José Datrino desde que, em dezembro de 1961, abandonou família e profissão para assumir uma nova identidade.
    Consolar os parentes das vítimas do incêndio de um circo em Niterói, mudar-se para o local da tragédia e semear ali um jardim de flores foi sua primeira missão. Como autêntica fênix que renasce das cinzas, Gentileza começou ali seus 35 anos de peregrinação.

    4 - Nelson Mandela

    5 - Ghandi

    6 - Cristo

    No dia em que conseguirmos ser algo um pouco semelhante a estas pessoas, não haverá mais com o que se preocupar se a cordialidade dos seres humanos foi ou está indo pro beleléu.

    O problema é que nós, por sermos dotados de "inteligência superior" estamos nos transformando em bestas superiores. Como dizia Lao Tse: "O tigre não se destigra nunca. Mas o homem se desumaniza"

    Muita luz para todos,

    Augusto César Monteiro

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