terça-feira, 24 de novembro de 2009

SAFARDANA

Eu também não sabia o que significava esta palavra que dá título a esta postagem, até encontrá-la no dicionário, pois procurava mesmo um sinônomo para variar um pouco. SAFARDANA é o indivíduo sem escrúpulos, desavergonhado, safado, canalha, salafrário.
Quando soube que o Forte de São Marcelo, construção quinhentista, iria ser revitalizado para abrigar um museu nautico, dotado de salas de audio-visual para aulas sobre a história da edificação, aulas essas para escolas públicas e que neste espaço haveria um restaurante temático onde as pessoas poderiam apreciar a vista da Baía de Todos os Santos, vendo o cais, o porto e o Elevador Lacerda, vibrei. Quando ví a iluminação cênica que fazia o velho Forte flutuar á noite nas águas calmas e protegidas pelo quebramar, viajei.
Assim fui visitar o local meses depois, passada a euforia dos visitantes pós abertura e senti-me orgulhoso em fazer a travessia num pequeno barco, por cinco minutos, chegar na rampa de acesso, ao meio-dia, sol a pino e ver a cor do mar de Salvador.
Ao entrar, recepcionistas, folders explicativos e para a minha surpresa um bucaneiro trajado como no séc. XVIII a nos encaminhar para o climatizado e bem decorado restaurante BUCANEIROS.
Lá dentro, entre as paredes de pedra e taipa de pilão, as mesas se distribuíam de modo a nos permitir a ver pelas vigias envidraçadas, a bela paisagem escaldante do Mercado Modelo, Elevador Lacerda e o Palácio do Rio Branco. Se para nós era lindo, para o turista, um deslumbramento.
A comida excepcional, da nova cozinha que mistura doce e salgado, especiarias e frutas e um cardápio eclético, com poucas opções porém com tudo, como massas, carne ,peixe e frutos do mar. Boa carta de vinhos a preços acessíveis e sobremesas deliciosas como um sorbet de coco com calda de gengibre e raspas de limão. Os preços, os mesmos de bons restaurantes da cidade, senão mais baratos.
Como presto serviços a várias empresas do sul do paìs, todas as vezes que chegava algum cliente era para lá, com direito a passeio de barco que os levava e vaidoso comentava como é linda a minha península.
Dias desses fui até lá com um grupo de paranaenses e para minha tristeza o restaurante fechou. O acesso ao Forte agora custa 22 (vinte e dois reais por pessoa ), valor que se fosse para depois de visitar suas salas agora vazias, valeriam a pena após a refeição, mas não há mais nada para se ver que não se veja de qualquer outro lugar.
No caixa para receber o valor que me recusei pagar está uma mocinha que sequer sabia que naquele Forte houve um dia um restaurante. Ela trabalha agora na ONG de um coronel da polícia que em algum "convênio" conveniente, tomou para sí e colocou a catraca SAFARDANA no lugar.
O prefeito que só tem de bobo a aparencia, deveria explicar melhor o que realmente houve ali.
Essa coisa de ONG, já passou da hora em abrirmos suas caixas-pretas e expor os SAFARDANAS por trás delas.

Um comentário:

  1. MV.

    É um assunto da mior importância, pois por essa via está escorrendo bilhões que deveriam servir para minimizar os conflitos sociais e os problemas ambientais, mas que terminam mesmo indo parar na velha e conhecida corrupção, lavagem de dinheiro e concentração de renda, não agravando a todas as ONGs é claro. Bravo!!

    Marcelo

    ResponderExcluir