Apenas pelo fato de haver cursado Direito, muitos dos meus amigos ainda me tratam como se advogado fosse . Sendo apenas bacharel, vejo-me frequentemente encalacrado com perguntas que , pela amizade gostaria de responder, mas que , se considerarmos que saí da Faculdade a exatos 25 anos que completarei em dezembro próximo, tudo ou quase tudo que poderia restar de memória jurídica, foi sendo apagada por conta da modernização legal e do apetite nacional em criar leis novas, a maioria só escritas, nunca cumpridas.
Mesmo assim, volta e meia sou procurado por um ou outro para dar meus palpites, coitados !. Após ouvir as perguntas repito sempre, já como filósofo amador, que Direito é bom senso, maxíma que ouvi do sábio Manoel Ribeiro e que jamais cairá em desuso.
Superada a etapa da frase, ensino sempre que o queixoso deve exercer de forma implacável a cidadania e provocar a justiça para que se manifeste e cumpra o seu "munus", estabelecendo o equilíbrio indispensável à sociedade.
Numa dessas, induzi o meu querido amigo Otoch, homem sério, rígido, militar por opção, servidor da pátria por vocação, daqueles que um pedido é sempre uma ordem e até na leitura deste blog, imprime uma fidelidade digna de nota, a ser cidadão.
Pois bem, lá se foi Otoch, encaminhado por mim, exercer cidadania, procurar um juizado desses que não havia em meu tempo, mas que veio para agilizar e desobstruir o Fórum de pequenas causas, para obter da justiça o reconhecimento de que seria obrigação da seguradora, pagar pelo banco do seu carro que foi destruído numa batida em que ele foi vítima e ela após fazer todo o serviço, declarou que o banco do carro, sabe-se lá porque estava fora do âmbito do seguro.
Hoje ele me ligou, decepcionado. O cara é tão direito que ainda se decepciona.
Completa amanhã um ano da colisão, ele foi por três vezes ao Juizado Especia Cível localizado na Faculdade Jorge Amado, que por problemas técnicos de informática, leia-se sistema fora do ar, sequer agendou a prestação da queixa para marcar a audiência, com um "conciliador", nome dado ao advogado que sugere um acordo para diminuir o trabalho do juiz.
Venceu a seguradora. Nosso valente Otoch, cansado, desistiu de reclamar pois para ele ser cidadão ainda é um sonho distante. Mais um sonho distante.
quarta-feira, 9 de setembro de 2009
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rsrsrs, Adorei a parte dos 25 anos. Já esqueceu a porra toda . Nem eu sabia que tinha esse tempo.
ResponderExcluirAgora, coitado do seu amigo. No tempo de hj ainda se decepcionar com essas coisas. É de doer né. Mais facil ele mandar alguem roubar o carro dele e a porra do seguro será obrigado a pagar tudo, não só um banco. rsrs
Caro Marcos, lhe procuramos porque queremos opiniões sensatas e de bom senso. Embora se sentido esquecido após 25 anos de formado, gostaria de ter sua vivência para aconselhar como costuma fazer.
ResponderExcluirSe nos decepcionamos com a justiça ou nos iludimos na esperança de através dela, conseguirmos nossos direitos, isso são outros quinhentos ! Temos que acreditar em algo que esteja escrito e normatizado, no intuito de sermos respeitados, entretanto, a decepção é mais um sentimento que faz parte do nosso cotidiano, e aprender a conviver com ela é quase mandatório. Felizes os(as) descrentes que não se decepcionam, todavia, o sentimento negativista de não atingir o que se espera deve pairar em suas mentes, e aí, provavelmente nem tentam ! Forte abraço
MV
ResponderExcluirDe fato não é fácil ser cidadão honesto nesse país. Você termina se sentindo otário diante de tanta sacanagem e gente safada, a começar pelos que deveriam dar o bom exemplo à nação. Ficamos atados com a impunidade e a voracidade pelo poder. Certamente, infelizmente, ainda vamos viver algumas décadas vendo essa mar de lama permear nossas vidas. Com sorte, posso estar errado.
O que vejo de mais triste nisso tudo é que achamos a impunidade ou mesmo a falta de lutar pelos nossos direitos uma coisa normal, que na realidade deveríamos ir até as ultimas consequências sejam quais forem os valores(R$).Como exemplo disso sito aqui o ocorrido com minha esposa,Letícia,em São Paulo, tempos atrás, quando ela sozinha em compras teve sua mala furtada na saída do Hotel fechando a conta, foi um desespero, quando da chegada em Salvador ela queria e o fez, entrar na justiça e eu contaminado com aquela estória de não vai adiantar nada, ficava desencorajando-a, resultado,ela foi a frente e recebeu tudo do hotel.Tudo resolvido por aqui mesmo.
ResponderExcluirPrezados seguidores, o que nos falta é vergonha na cara, porem vamos ver que nosso amigo seguidor disse " que na realidade deveríamos ir até as ultimas consequências sejam quais forem os valores(R$)"
ResponderExcluirObservo nesta postagem dois fatos algo de interessante e tambem algo preocupante. O interessante é irmos até as ultimas consequencias, o que nos leva a crer que devemos lutar por nossos direitos, por uma sociedade mais correta desde parar antes da faixa de pedestre respeitando o ser humano que ali se encontra bem como respeitar a lei de transito,porem quando se diz " sejam quais forem os valores(R$)" o fato de fazer referencia a "R$" a simples referencia torna preocupante, pois nos leva a pensar que devemos PAGAR pelos nossos direitos.
Já o fato de "ser um cidadão é um sonho" só dependerá de nós cobrarmos e como diz o seguidor " irmos até as ultimas consequencias".
Caro Fernando, talvez eu realmente não tenha sido claro quando "falei"*sejam quais forem os valores*, estava me referindo à um simples banco de carro que a seguradora não queria bancar(e bancou o resto do sinistro).No caso, eu quis me referir que seja qual for o valor a receber, repare que no contexto se fala ou deixa-se entender em pequenas causas,se deve ir até o fim, mesmo que seja um banco de carro que em relação ao resto do sinistro se torna um valor menor,creio!
ResponderExcluirAgora se vc entendeu ao contrário, como acho que foi, concordo totalmente com o que vc escreveu, é preocupante.
Abraços,Fui!!!
Adriano(Sapo)
Concordo com o Fernando. A cidadania é coisa muito mais ampla. A vigilancia permanente é a repetição dela é que nos farão melhores.
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