É inevitável nesta fase da vida parecermos chatos, vemos tudo com espírito crítico mordaz, temos sempre um comentário a mais a fazer, uma observação, um defeito em coisas e pessoas, temos medo de quase tudo, enxergamos segundas intenções, chifre em cabeça de cavalo, pelo em ovo.
Neste domingo, para agradar meu filho,sentei-me a seu lado para assistir os tais desenhos num dos muitos canais de tv por assinatura. Tentei a princípio entender, coisa fácil para eles, mas para nossa azeda paciência quase cinquentenária, beira a impossibilidade.
Fui vendo um a um, mudando de canal, sempre na esperança de superar a impressão de que estamos definitivamente ranzinzas.
Padrinhos mágicos por exemplo, pelo que ví, mostra a história de um menino que possue dois "padrinhos" que permitem que ele faça tudo o que ele deseja, aí o garoto xinga pai, esculhamba a mãe, quebra tudo em casa, vibra com a idéia de que os pais estão mudos e não podem lhe dar ordens e por aí vai.
Ranzinza ou não, proibi esse de cara. O resto dos desenhos muda pouca coisa na carga de violência, na música alucinógena, na deformidade dos personagens, na falta de compromisso de entreter com responsabilidade. Não esqueço que Tom e Jerry é pancadaria , mas quem disse que gatos e ratos se amam ?
É desanimador ver a animação que nossas crianças estão sendo obrigadas a conviver. Por fim, a verdade escondida atrás dessa malandragem, cinco minutos de desenho e quinze de comercial. A cada intervalo o menino tem uma lista de compras.
Abreviei minha sessão de sofá com meu filho certo de que ele precisa de minha companhia mais tempo fazendo para ele o papel do herói no qual ele precisa se espelhar.
domingo, 24 de maio de 2009
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Marcos,
ResponderExcluirConcordo que Padrinhos Mágicos é uma opção ruim para nossos filhos.
Sim, também já assisti este e muitos outros desenhos com meus filhos.
Infelizmente tem coisa muito, mas muito pior mesmo na televisão.
Uma coisa é certa: os programas infantis têm seus propósitos. Uns mais sérios e de boa qualidade têm a tarefa de transmitir valores positivos e modelos adequados para as crianças entenderem o mundo em que estão vivendo, seja o mundo da família, seja da escola, das ruas. Certamente e de forma justa, tais programas com mensagens de bom gosto devem lucrar e lucram com isto.
Por outro lado, temos uma legião de programas que aposta na abordagem de pior qualidade possível. Beirando ou extrapolando, com folga, os limites da racionalidade e do bom senso, estes programas infantis absurdos que nos fazem correr para o controle remoto, não podem ser tratados como opção de entretenimento.
Mais certo é tê-los como uma opção, ainda que lucrativa para quem cria, produz e distribui, que pode ser caracterizada como opção de sofrimento.
Sofrimento de quem criou tais programas, talvez influenciado por uma infância ruim ou por uma vida de decepções, ou, por pura falta de interesse de propagar algo de bom para os outros.
Sofrimento para alguém que percebe, da mesma forma que eu e você, ao tentar compartilhar uns poucos momentos pinçados (mais uma vez, infelizmente) da nossa vida agitada para passar um tempo assistindo desenhos com nossos filhos que:
- Tudo isto decorre da nossa ausência e omissão de assumir o papel de herói dos nossos filhos;
- A ausência e a omissão fazem com que entreguemos o que temos de melhor (nossos filhos, nossa família) a essa corja que lucra com mensagens desequilibradas, desonestas e insanas.
Por sorte, mesmo com a vida agitada que tempos e esta pressa irritante à qual todos nos acostumamos, tenho muito forte o desejo de manter o meu propósito de fazer algo bom e de qualidade com a minha vida e com a vida de quem cruzar com a minha.
No fundo dos corações e mentes em formação dos nossos filhos ainda sinto esperança e felicidade quando a repulsa a certos programas infantis parte deles próprios, certamente por estarem começando a entender as diferenças das coisas da vida, talvez por estarem entendendo os modelos de vida de nós, pais e heróis de nossos filhos.
O que resta lhe dizer é que a vida não tem só coisa boa ou ruim. Logo, talvez seja para isto que exista tanta baboseira intitulada como programa infantil misturada a propostas sérias, divertidas e honestas. Com uma realidade tão diversa, nossos filhos podem ver quanta coisa boa e ruim existe no mundo real. Cabe nós pais mantermos o leme, servir de bússola. Ser o modelo que nossos filhos e nossa sociedade precisam.